quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Defeito Lasombra


O semblante perdido

É de conhecimento amplo que os cainitas Lasombra não podem ver seus próprios reflexos no espelho. Algumas histórias contam que o clã foi assim punido por Caim por causa de alguma transgressão desconhecida, outros alegam que o Demônio tomou-lhes o reflexo quando ousaram invocar trevas ainda maiores do que a sua própria (Esta última explicação embora popular, é considerada tecnicamente como heresia e aborrecerá imensamente qualquer Lasombra com inclinações religiosas que a ouvir). As teorias são inúmeras, mas não há explicação que seja adequada aos fatos.
A despeito da causa, nenhuma Lasombra possui reflexo. Uma vez abraçado, a face de um lasombra não pode ser vista num espelho, na superfície da água, de mercúrio ou outra superfície reflexiva. Como resultado, alguns outros cainitas colocaram espelhos em lugares estratégicos em refúgios e palácios, de modo a identificarem quaisquer Magistrados presentes. Entretanto, os Magistrados também usam este subterfúgio de forma vantajosa.
Sem os benefícios do reflexo, os Lasombra tendem a se tornarem obsessivos sobre sua aparência. Muitos mantêm servos e carniçais cuja única função é vestí-los , arrumá-los e repetidamente dizerem o quão supremos eles aparentam. A posição de carniçal para um Lasombra é uma que requer muita discrição, uma vez que o carniçal é quase o companheiro mais constante do Magistrado. Uns poucos Magistrados, talvez excessivamente preocupados com minúcias de suas imagens, pagam a vampiros Tzimisces somas exorbitantes para alterarem as características de seus carniçais para espelharem as suas próprias. O carniçal então se torna uma cópia do vampiro, que caminha e fala, causando incômodo e inquietude num grau perturbador.
Até o mais sensato Lasombra, entretanto, deseja ver sua própria imagem, e a maioria posa para pelo menos um quadro por ano. Esta prática é mais comum entre Magistrados entre 1 e 3 séculos de idade, que frequentemente preenchem galerias inteiras com quadros de sua própria imagem Mais de um visitante expressou a sensação enervante de corredores preenchidos inteiramente com variações da mesma face.
Obviamente, o sofrimento sucederá qualquer pintor mortal tolo o suficiente para produzir uma pintura de um jovem Magistrado que seja menos do que bajuladora. Embora muitos dos membros anciões mais pragmáticos do clã apreciem uma representação exata de sua aparência, por outro lado os mais jovens que ainda estão se adequando a perda de seu reflexo frequentemente possuem memórias idealizadas de sua real aparência. Quando uma pintura falha em expressar suas expectativas, estes jovens Magistrados podem se aborrecer – com consequências desastrosas para o artista.
Lasombras islâmicos escrupulosamente evitam este tipo de representação, bem como a maioria das artes representativas.

ESPELHOS

Os Lasombra, obviamente, não podem ser vistos em espelhos. Por outros lado isso possibilita aos Magistrados arranjos defensivos únicos em seus refúgios. Qualquer Lasombra tem 50% de probabilidade de positivamente cobrir seu refúgio com vidro prateado, com o pórtico frontal parecendo um plausível corredor de espelhos.
A vantagem deste arranjo é meramente estratégica. Embora o lorde Lasombra da propriedade não tenha reflexo, o mesmo não pode ser dito de seus visitantes – amigáveis ou não. Na verdade muitos Lasombra farão este arranjo de espelhos para ter linhas de visão de reflexos por todo o seu refúgio. Um intruso, portanto, terá todas suas ações observadas no instante que entrar pela porta até que o mestre da casa decida como se livrar dele.
Obviamente esta consideração tática tem sido mal compreendida pelos membros de outros clãs. Ao invés de refletirem na razão pela qual os Lasombra, sem reflexo, insistem em enfeitar suas casas com espelhos, os membros de outros clãs apenas resmungam sobre a vaidade e inapropriada idolatria Lasombra. Este mal entendido serve aos propósitos do clã, mesmo que cause maledicência sobre sua reputação, uma troca que os orgulhosos magistrados aceitarão sem considerar como ofensa de sangue – por enquanto.

Libelus Sanguinis I – págs 19 e 20

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