segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Os cinco Pilares do Poder


Mais um texto bacana do livro Elysium
Os cinco pilares do poder

Recompensa

Para prevenir que vossa prole obtenha a base sólida e os confiáveis recursos de que precisa para desafiar vosso domínio, é preciso mantê-la em desequilíbrio. Confunda-a.
Progênies que sirvam seus anciões com distinção devem ser recompensadas frequentemente. Frequentemente, não sempre. O Ancião Superior é imprevisível em sua afeição e inconstante em suas recompensas, sempre diligente com a necessidade de distribuir prêmios apenas de forma intermitente. O Ancião Superior assegura que sua progênie nunca realmente sinta que mereça a recompensa. A recompensa precisa sempre ser vista como uma benção: um exemplo da grande caridade, para que assim a progênie se sinta suficientemente agradecida.
Mas distribua prêmios de forma muito frequente e os malditos em sua ingratidão passarão a esperar por recompensas. Estas crias mimadas acreditam que as recompensas são conquistadas ao invés de concedidas. Elas passam a controlar o ancião através de suas ações, caso sempre saibam o que esperar. Como o ancião sempre as recompensa de maneira justa, podem conspirar para construir seu próprio império. Elas ganham coragem para planejar contra seus camaradas pois podem contar com a resposta de seu ancião. E então caso um ancião falhe em fornecer a recompensa esperada; a criança mimada explodirá de raiva. Ela se sentirá ferida, irada e traída...e irá contratacar adequadamente.
Uma progênie que com razão se sinta injustiçada é uma criatura muito mais perigosa do que aquela que precise sempre buscar encontrar novas formas de agradar um mestre caprichoso. Entretanto tu não deves sempre reter recompensas quando as mesmas forem verdadeiramente merecidas, uma vez que crias esgotadas, com nada a perder e nada a ganhar são ainda mais perigosas do que crianças mimadas depois de serem zombadas.
Mas ao reter ocasionalmente as recompensas, e ao conceder recompensas também ocasionalmente, o ancião mantém a progênie sob as rédeas. Assim como com um garanhão, o ato de dar uma recompensa é como a doce maçã do jardim do cavaleiro, e a retenção da recompensa é o golpe do chicote do controle. A dor do golpe é temporária, e quando passa, a cria se sente novamente ansiosa para agradar. Desde que a maçã seja concedida ocasionalmente, a progênie passará suas noites em constante contemplação das maneiras e ações que mais agradam a seu mestre.
Entre a trilha do ancião avarento e a do ancião generoso está a trilha do Ancião Superior. É a trilha mais difícil pois o ancião avarento tem a vantagem de suas riquezas sem dispersão, já o ancião generoso possui a vantagem da bajulação irrestrita. Dentre ambas, a bajulação é a mais sedutora.
O Ancião Superior precisa ser indiferente à bajulação de sua progênie. O oleoso enaltecimento de uma progênie que tenha acabado de partilhar uma farta recompensa é como uma sedutora cerveja. Seu gosto já fez cabeças de muitos anciões flutuarem. Tenha cuidado! Uma cabeça que flutua também é uma cabeça que pode afundar.

Rivalidade

Uma progênie é uma criatura incansável, ambiciosa e cheia de energia. Caso tu não canalizes os objetivos de vossa cria, estes o serão canalizados contra ti. Perturbe-o.
Um Ancião Superior não espera que sua cria olhe para a posição de seu mestre com inveja, mas sim faz com que olhe para a posição de outros. Se vosso favorito lhe ofendeu, reverta seu posto. Favoreça um junior por algum tempo. O sênior buscará agradá-lo para retornar as vossas graças. Se a cria revelou um golpe mortal contra ti, terá medo de que seu senhor descubra, e de sua punição. O junior buscará preservar sua boa sorte e continuará a agradá-lo.
O sênior irá desprezar o junior e buscará trazê-lo para baixo, enquanto o junior batalhará para consolidar sua posição contra o sênior. Desde que vossa senhoria os proíba de cometer assassinato e de trazer danos as vossas posses, a rivalidade consumir-lhes-á a energia, despenderá seus recursos e os redirecionará a escolher outro como alvo ao invés de vossa senhoria.
Seja diligente para prevenir tal rivalidade em tempos de Jyhad. Dê indulgência à rivalidade em tempos de paz, mas esmague aquele que cometer um ato de rixa durante uma guerra.

Perigo

Uma progênie realmente ambiciosa, que cuidadosamente conserva as recompensas recebidas e não as investe em rivalidades com seus semelhantes, ou pior, uma que procure estar em paz com seus irmãos, é sempre um perigo. Não importa que vossa senhoria o considere a mais leal das progênies de Caim. Ele é a maior das ameaças. Fira-o.
Coloque-o sempre em perigo. Envie-o para o refúgio do inimigo. Envie-o para espionar o lar dos lupinos. As energias que não está gastando com rivalidades internas serão consumidas com estas tarefas. Se for bem sucedido, aumente o risco das tarefas. Se falhar, então não poderá derrubar a seu senhor.
Esta progênie é uma peça de xadrez de rara perfeição. Não o conserve por receio de perder um valioso cavalo. Se ele for retirado do tabuleiro, vossa senhoria estará em maior, não em menor segurança.

Laço de sangue

Uma progênie que sobreviva a grande perigo é a maior de todas as ameaças. Ela é perspicaz o suficiente para florescer com recompensas intermitentes e oriundas do capricho de seu senhor. Ela é sábia o suficiente para procurar a paz com seus irmãos. Ela é forte o suficiente para sobreviver ao inimigo. Ela é maior do que vós, esmague-a.
Tome posse de sua vontade. Ligue-o a vós com o ritual de sangue, mas tenhas cuidado com a ira dos outros anciões justificadamente receosos de um exército de tais progênies sob controle. Quando a necessidade surgir assegures com a ira nascida do ciúme, que a cria nunca use tal grandeza contra vós.

Morte


Se a cria resistir ao laço de sangue, só há um caminho a seguir: destruí-la. Se não a destruir, por tola misericórdia ou orgulho, ela irá destruí-lo. E se vós não a puder destruir, ela merecerá seu sangue. Entregue-o e submeta-se ao novo Ancião Superior.

by acodesh

do livro Elysium págs 16 e 17

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