O uivo ecoou pela floresta
sombria...
Ele teve dificuldades o bastante
para aceitar que vampiros eram reais. Tornar-se um deles não facilitou esta
aceitação. Mas lobisomens? Não senhor, ele não gostava nem um pouco disso. Pior
ainda. Eles o queriam morto. Ele não havia feito nada contra eles, mas os
lobisomens definitivamente não o queriam em sua floresta. Não mais do que o
Príncipe de Seattle havia gostado da ideia de um novo vampiro em seu
território.
A floresta sempre pareceu
completamente escura, mas seus olhos passaram por mudanças desde que ele foi
abraçado. Jack podia ver tudo de forma tão clara como se o sol estivesse
brilhando sobre si. Isso era bom, mas os sons de seus perseguidores estavam
começando a deixá-lo um pouco louco.
Frustrado e cansado, ele
finalmente decidiu tentar alguma coisa além de correr. Ele apressadamente subiu
numa árvore. Ele pensou: Ursos não
conseguem subir em árvores, talvez os monstros também não consigam.
De sua nova posição vantajosa,
Jack era capaz de ver as bestas das quais estava fugindo com mais clareza do
que realmente desejava. Eles eram enormes, quatro enormes montanhas de pêlo e
garras. Ele quase conseguia sentir sua frustração enquanto procuravam pelo
vampiro. A floresta, normalmente barulhenta mesmo a esta hora da noite, estava
silenciosa, a não ser pelos rosnados ofegantes das criaturas abaixo. Jack
estava grato pela ausência de um batimento cardíaco. Mesmo um som tão pequenino
poderia muito bem revelar sua posição.
Um deles falou, de forma gutural
e empolada, “Ele foi para as árvores. Isso, ou a terra o engoliu". Jack abraçou
o grosso tronco da árvore na qual subiu, e ficou imóvel. Com o canto dos olhos,
viu o líder do grupo olhando diretamente para onde ele estava. A qualquer
momento o chamado seria ecoado e todos saberiam onde ele estava.
Por favor Deus, ele pensou, não
deixe com que me vejam. O pensamento virou seu mantra, um fluxo interminável de
orações cujo foco era sobreviver pelas próximas horas. Sem respirar, sem se
mexer, apenas aguardando.
Dez minutos depois, os lobisomens
desistiram em desgosto. Ele, no fim das contas havia conseguido se esconder. A
despeito de seu alívio, ficou imóvel por mais alguns minutos, contando os
segundos em sua cabeça. Quando finalmente arriscou se mover, percebeu que suas
mãos haviam adquirido uma textura e cor idênticas a da árvore.
Duas noites depois, quase 100
milhas de distância do local no qual aprendeu que era capaz de se camuflar,
Jack conheceu outro lobisomem.
Faminto e solitário, passou as
últimas 4 noites fugindo e ainda não encontrou algo que ficasse em seu
estômago, exceto sangue humano. Quando viu uma mulher sentada sozinha próxima a
uma fogueira, ele se aproximou, parte por querer companhia, mas também porque
seu estômago exigia alimento. O coelho que estava no fogo cheirava bem, a
despeito de saber que tentar comê-lo provocaria ondas de nojo e dor em seu
estômago.
Muito antes de ter vindo de fato
até a proximidade do fogo, a mulher já o havia visto. Ela olhava fixamente para a
escuridão e o observava se mover. Ela não disse nada quando ele entrou no
alcance da luz do fogo. O semblante dela era fixo, desconfiado e no aguardo de
qualquer ação que ele viesse a tomar. Para mostrar suas intenções pacíficas,
ele levantou a mão.
“Eu não desejo fazer nenhum mal.
Mas está frio aqui. Estava pensando se poderia compartilhar do calor de sua
fogueira”
Quando ela respondeu, Jack
percebeu que era muito mais jovem do que ele havia imaginado. “Sim, você pode
ficar. Só não venha com ideias. Sou mais durona do que pareço”. Ele agradeceu, e
ambos sentaram em silêncio diante das chamas reconfortantes.
A garota puxou seu jantar de seu
espeto improvisado e o colocou num prato de latão que tirou de sua mochila.
Quando ela o ofereceu um pedaço, Jack simplesmente balançou a cabeça. Ela a
observou comer, mesmerizado com o sangue que pulsava debaixo de sua pele
bronzeada e pelo movimento de seus músculos enquanto mastigava e engolia. Os
dois brincos de diamante que ela usava em sua orelha esquerda e os dois aros
dourados na direita refletiam vigorosamente a luz da fogueira.
“Por quanto tempo você é assim?”
Ela perguntou.
“Assim como?” A pergunta o pegou
de sobressalto. Ele levou alguns segundos para entender o que ela quis dizer.
“Você não tem batimento cardíaco.
Você não respira. Por quanto tempo você tem sido um sanguessuga? ”
“Não sou um sanguessuga, sou um
vampiro” Ele se ofendeu com o comentário. Ser comparado com uma lesma que sorve
sangue não fazia bem para sua autoestima.
“Mesma coisa, ambos comem
sangue”. Ela olhou para ele, e ele era capaz de perceber que ela havia achado
graça em sua reação.
Por fim, incapaz de pensar em
algo inteligente ou profundo para dizer em resposta, Jack deu de ombros e
respondeu “Mais ou menos 3 meses. A propósito, eu não recomendo. Estar morto é
uma merda”.
“Eu achei que vampiros eram
mortos vivos”
“Seja lá o que for, eu ainda
evitaria”. A dores causadas pela fome estavam ficando mais fortes, e Jack
odiava a parte de si que estava realmente considerando lançar-se contra a
garota e tomar o que ele precisava.
Tenho outro coelho por aqui. O
sangue não está quente, mas se vai te fazer algum bem, sinta-se à vontade”. Ele
aceitou ansiosamente, bebendo a fria e pálida imitação do seu alimento usual
com muito gosto. Foi muito pouco para aplacar sua sede.
Ele cerrou os punhos e sentou
novamente, ignorando o modo como o sangue dela parecia chamá-lo. Depois de
alguns minutos, ela estendeu sua mão. Quando ele olhou de perto, viu a veia em
seu pulso, uma pálida linha azul debaixo de sua pele. “ Beba se precisar, mas
não tome muito sangue”.
“Eu... não quero machucar você.” Ele
hesitou, mas ela permaneceu pacientemente com o pulso estendido. Ele precisou
forçou a si mesmo para não agarrá-la pelo pescoço. Ao invés disso, posicionou
sua boca próximo da veia e mordeu da forma mais gentil que foi capaz,
deliciando-se com o que fora ofertado. Ela chiou com o primeiro gole, mas
permaneceu onde estava.
Depois de alguns momentos, ele
lambeu o pequeno ferimento no pulso e se inclinou para trás. Ele estava grato e
confuso ao mesmo tempo.
“Obrigado”
Ela deu de ombros. “Todos
precisamos comer”. Ela olhou para ele por alguns momentos, e ele por sua vez a
estudava. Ela não era nenhuma modelo, mas tinha boa aparência. Seus cabelos
eram rebeldes e estavam bagunçados pelo vento, e seu rosto era quase musculoso
demais. A forma como se portava também era pouco usual, confiante demais para
alguém tão jovem. Não era empertigada ou artificial, parecia mais com um porte
predatório inconsciente.
“É você a pessoa que eles estão
perseguindo?” “O grupo a norte daqui, os lobisomens?”
“Sim, como você sabe disso?”
“Tenho ótimos ouvidos”
“Ninguém tem ouvidos tão bons
assim"
“Bem, digamos apenas que você e
eu estivemos fugindo na mesma direção.” Ela desviou o olhar, seu desapontamento
era óbvio.
“Do que você esteve fugindo?”
“Não estava fugindo “de”, fugindo
“para” ”. Ela jogou no fogo uma pequena pilha de gravetos, e os observou
queimar. “ Achei que você era outro Ronin”
“Outro o quê?”
“Ronin, um Garou pária” O tom de
sua voz e expressão de tristeza em seu rosto revelaram a simples necessidade em
suas palavras. “Achei que você fosse outro como eu”.
Eles ficaram em silêncio novamente,
ouvindo os sons da floresta noturna. Quando Jack falou novamente, respondeu aos
sentimentos nas palavras dela, e não das palavras em si.
“Sim, também tenho estado
solitário”
Ela virou-se para ele e sorriu
hesitantemente. Naquele momento, tornaram-se amigos.
O nome dela era Nancy Madison.
Ela explicou que até um mês atrás, tinha um segundo nome, um título especial
concedido a ela pelos outros lobisomens. Ela era chamada de Garra de Gaia, um
nome dado em recompensa por sua ferocidade em batalha. Quando foi expulsa do
grupo Garou, perdeu o nome e a companhia.
Poucas noites depois disso,
quando Jack e Nancy haviam aprendido um pouco mais um sobre o outro, e Jack já
se sentia confiante para perguntar, finalmente perguntou a respeito de sua
existência solitária.
“Por que eles te chutaram?”
“Os garou?” Ela franziu a testa,
depois arrumou de novo os cabelos que ficaram na frente de seus olhos. Ambos
entreolharam-se em silêncio por diversos segundos, até que ela finalmente deu
de ombros.
“Eles não possuem os mesmos
valores que eu. Eu gosto da cidade”
“Não caio nessa. Você Já me disse
que existem 2 tribos que vivem nas cidades”
“Sim, mas estes não concordam com
meu estilo de vida”
“E por que não?”
“Você é muito insistente, Jack”
“Por que não? Eu te contei toda
minha história. O que há de tão ruim na sua que não podemos falar?”
“Ok”, Nancy aprumou os ombros e
olhou para Jack de forma desafiadora. “Eu gosto de usar algumas drogas ilegais
de vez em quando. Os Garou dizem que isso me deixa “maculada pela Wyrm” e
disseram que não posso voltar até que tenha me endireitado.”
“Isso é enrolação. Não vi você
usar droga alguma, nem uma única vez. E já me alimentei do seu sangue o suficiente
para saber caso tivesse usado alguma droga.”
“Talvez eu tenha deixado de usar
então. Já considerou essa possibilidade?”
“Se é assim porque não volta para
eles?”
Nancy ficou em silêncio por um
longo tempo. Seus olhos negros olhavam para algo num vazio distante que Jack
não era capaz de ver. Mas a angústia em sua voz quando falou novamente era
profunda e dolorosa.
“Tenho medo de que me recusem.
Não quero ficar sozinha Jack. Não suporto ficar sozinha.” Jack esticou sua mão
fria e sem vida...e gentilmente apertou a mão quente e vibrante dela.
“Você não
vai estar sozinha. Você tem a mim”.
Eles não conversaram mais pelo
restante da noite.
Assim como Jack descobria coisas
a respeito de Nancy, ela também descobria mais e mais sobre ele. Eles viajavam
juntos e ficavam a maior parte do tempo nas florestas, movendo-se sempre
durante a noite. Conforme viajavam, contavam para o outro sobre a vida que
outrora tiveram e sobre as estranhas crenças de seus povos ímpares. Os
lobisomens lutavam para salvar o mundo de uma força chamada de “wyrm”. Se isso
significasse matar humanos e destruir cidades, que seja. Os garou pareciam
odiar as cidades e tudo que representavam, embora existissem algumas poucas
exceções. Os vampiros pareciam apenas querer manter sua própria privacidade e
se alimentar dos humanos entre os quais viviam. Os vampiros desejavam
certificar-se de que as cidades durariam para sempre e de que sempre estariam
povoadas. Uma população maior significava maior oferta de sangue.
Jack e Nancy concordaram que
ambos os grupos tinham razões válidas para aquilo que desejavam, concordaram
também que ambos pareciam muito extremistas em seus comportamentos e crenças
Jack e Nancy discutiam sobre política e religião, sobre músicas e filmes de que
gostavam. Com o passar do tempo, tornaram-se parte fundamental da vida um do
outro. Quando a tristeza crescia no coração de um, o outro estava lá para dar
conforto. Quando os fantasmas do passado vieram para assombrar Jack, Nancy
estava lá para desfazer o medo e a raiva. Jack retribuía ansiosamente o favor.
Naturalmente, o destino interviu
para separá-los.
Depois de 6 meses viajando entre
as pequenas cidades, Jack e Nancy se depararam com uma situação que não podiam
ignorar. Nancy havia enlouquecido um pouco. Por 3 noites ela apresentava um
péssimo temperamento, respondendo apenas com falas secas. Na quarta noite,
ambos quase chegaram a lutar fisicamente quando Jack tentou forçar Nancy a
falar sobre aquilo que a incomodava. A resposta de Nancy não fazia sentido para
Jack no momento, porém posteriormente ele entendeu o significado.
“Você está mudando Jack, você não
é mais como era no dia em que nos conhecemos”. O lamento em sua voz estava
maculado com um tom acusatório de traição.
Jack acordou na quinta noite e
percebeu que sua companheira não estava em lugar algum. Várias horas de busca
mostraram-se infrutíferas. Eles estavam numa área de cultivo no momento, onde
os humanos viviam em harmonia com o solo. Enquanto Nancy estava fora, Jack veio
a compreender o que o príncipe de Seattle o havia alertado. Ele descobriu a
razão pela qual os Membros referem-se a si mesmos como condenados.
Na terceira noite de solidão,
faltando aproximadamente uma hora para o nascer do sol mandar Jack novamente
para debaixo do solo frio, ele encontrou uma mulher solitária alimentando
galinhas perto de uma fazenda. Seus cabelos ainda estavam úmidos da ducha
matinal, o vapor saía de seu corpo no ar frio da manhã. Por apenas um momento,
ele olhou para a mulher com os olhos de um homem, admirando sua beleza e o som de
sua voz, pois ela estava cantando fragmentos de uma música que ele nunca havia
ouvido. Em seguida sua fome retornou, e o tempo que passou se alimentando de
animais alimentou os demônios em sua alma até uma orgia de fúria.
Ele mal se lembrava do som da voz
da mulher quando ela o percebeu aproximando-se. Ele estava ciente de que ela
começou a gritar antes que ele pudesse cobrir sua boca com sua mão, para em
seguida cravar as presas em seu pescoço. Depois disso ele só conseguia sentir o
êxtase do calor das ondas vermelhas da vida que se apagava.
Ele dormiu naquele dia como mal
havia dormido antes – em paz. Somente depois de ter saído do solo ele realmente
foi capaz de pensar no que havia feito. A palavra que dilacerava sua mente era assassinato. Ele havia matado uma mulher inocente para
canalizar os desejos nefastos do seu corpo. E pior ainda. Ele havia gostado.
Nas duas noites seguintes, a
atividade foi esconder-se na floresta, tremendo de horror com o que havia se
tornado. Na terceira noite ele se aventurou novamente, determinado a beber
apenas de uma vaca num campo próximo. Embora tenha conseguido beber o sangue do
bovino e mantê-lo no estômago, não houve emoção como na ocasião onde tomou a
força o sangue da mulher da fazenda. Ele bebeu o máximo que lhe era possível,
mas ao ir dormir ao amanhecer, ainda estava com fome.
Durante o tempo que Nancy esteve
fora, quase um mês pelas contas de Jack, ele havia consumido o sangue de sete
pessoas. Duas delas viveram para lembrarem do incidente. Jack não sabia, mas
uma delas era uma Parente dos Garou.
Os sete vieram durante o dia. As
bestas o arrancaram do solo e o prenderam no chão. Rostos selvagens olhavam
para ele, ao mesmo tempo que o sol incinerava seus olhos. O último som que
ouviu foi um rosnado de satisfação emitido por uma das Feras. A última visão
que seus olhos capturaram foi a forma familiar de um dos Garou que usava dois
brincos de diamante na orelha esquerda e três aros dourados na direita. Seu
coração se partiu uma última vez antes da não-vida ser aniquilada de seu corpo.
Nancy olhou para baixo onde
estavam as cinzas de Jack. Sua cabeça estava baixa e sua face expressava algo
que Jack teria reconhecido. Ela estava solitária. Solitária demais.
“Eu te amei Jack” ela sussurrou
baixo o bastante para que seus pares não ouvissem. “Realmente te amei, mas você não conseguiria viver bem o bastante
sozinho. Você me disse repetidas vezes que eu deveria voltar para meu povo”.
Ela juntou as cinzas e as colocou
numa jarra. Seus olhos ardiam em lágrimas, mas nada que se comparasse com o nó
de tristeza em seu coração.
Quando juntou todas as cinzas, fechou a jarra e a colocou em sua mochila. A hora de ir havia chegado. Ela
teria que viajar por milhas antes de chegar em casa.
“Eles disseram que eu poderia
voltar. Mas primeiro teria que trazer prova de minha batalha contra a Wyrm”.
Ela balançou a cabeça com raiva, afastando a cabeleira da frente de seus olhos
com o mesmo movimento que Jack passou a gostar tanto.”Você deveria ter ficado
longe dos humanos. Eu teria te alimentado para sempre, Jack. Eu teria sido boa
com você."
As lágrimas que lutava tão
ferozmente para deter, acabaram saindo. Por fim ela as deixou sair. Não tinha
mais forças para conter a tristeza.
As últimas palavras não foram
ditas, porque algumas verdades são mais difíceis de dizer do que outras. Os Garou
sempre se rendem a seu lado animal, e ao fazê-lo mantêm a própria sanidade. Mas
os vampiros precisam lutar contra os demônios internos pessoais, ou caírem vítimas
dos mesmos. Os dois nunca poderiam viver juntos por muito tempo. As diferenças
entre suas raças eram grandes demais para ignorar, uma parceria não era
possível.
Nancy começou a caminhar. Ao
caminhar, mudou de forma. Foi uma garota humana que começou a jornada para as
florestas do estado de Washington. Foi uma Garou que terminou a jornada. Com o
tempo ela recuperou o direito de andar com sua tribo. Ela conquistou um novo
nome e grande honra aos olhos de seu povo. Os líderes da tribo elogiaram sua
ferocidade em batalha e sua bravura quase suicida. Ela era ainda mais feroz do
que antes de seu exílio.
Ninguém jamais percebeu que seu
verdadeiro desejo era se unir a seu único amor na morte final.
Embora tenha deixado para trás a
jarra com as cinzas de Jack, passou a usar uma pequena sacola de remédios cheia
com as cinzas ao redor de seu pescoço. Uma lembrança do tempo que viveu longe
de seu povo e quando conheceu a paz. Talvez até mesmo a felicidade.
Em muitas noites, quando as
batalhas haviam terminado e a tribo celebrava suas vitórias duramente
conquistadas, Nancy se mantinha longe das festividades, preferindo ao invés
disso fazer valer o nome pelo qual ela havia vendido sua alma para conquistar: “Aquela-que-caminha-Sozinha”.
Fonte: Players Guide to Pariah - págs 5 a 9
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